Como é ser pai para mim?

Como é ser pai para mim?

Por Fulvio Cordeiro
Funcionário público


Na verdade, nunca me imaginei sendo pai. Para mim, sempre foi muito difícil conseguir prever como de fato isso seria. Mas, para minha sorte, em 2015, nasceram meus filhos gêmeos e, então, eu pude nascer como pai.

Vince nasceu autista e Lucy com superdotação/altas habilidades. Pouco tempo após o diagnóstico do Vince, eu pude me reconhecer como autista também. Posso dizer então que somos uma família atípica, cada qual com suas particularidades e com muita personalidade (kkkkkkk).

Quando recebi o diagnóstico do meu filho, há três anos, confesso que não foi um “choque” para mim, pois, independente do resultado, eu já havia o aceitado. A Lucy, por sua vez, teve o seu diagnóstico no ano passado, e, assim como ocorreu com o Vince, o resultado foi libertador, pois assim poderíamos compreender e respeitar as particularidades de cada um.

Uma das frases de que sempre me recordo e que faz todo o sentido para mim foi dita logo após o diagnóstico do Vince: "Fique tranquilo, ele é uma criança feliz". E de fato é isso o que importa e que, apesar dos desafios diários que precisamos enfrentar, a minha preocupação sempre foi uma só: fazer o meu melhor para zelar pelo bem-estar dos meus filhos.

Hoje posso afirmar que ela estava certa, o Vince é a criança mais feliz e carinhosa que conheço, assim como a sua irmã Lucy. Como pai, acabo me preocupando com o futuro dos meus filhos, mas sei que o que importa é o agora, e assim vamos vivendo, um dia de cada vez, uma conquista de cada vez, uma resposta de cada vez.
Apesar dos meus 39 anos de vida, posso dizer que aprendi muito mais nesses últimos 5 anos do que em todo o restante. Se antes o meu amadurecimento foi fruto dos momentos difíceis vividos, agora o meu crescimento é resultado de todo o amor que recebo, de todo o amor que sou capaz de dar e de todos os desafios cotidianos, que fazem com que sejamos cidadãos melhores, trabalhando diariamente o respeito e a compreensão da individualidade.

No final da minha jornada, sei que terei formado dois cidadãos que sabem conviver e respeitar o próximo, e, dessa forma, terei contribuído com essa sociedade preconceituosa e pouco inclusiva, que ainda não cuida de suas minorias. São os pequenos de hoje que mudarão essa dura realidade.